Agência Social de Notícias 4n4v4 Cacalo Fernandes Notícias Wed, 11 Jun 2025 09:55:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.1.41 `VAMOS ÀS COMPRAS 3x3v63 /arquivos/19189 /arquivos/19189#comments Wed, 24 Aug 2022 21:05:34 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=19189 <![CDATA[Cacalo Fernandes O dia era longo. Era um dia pra ninguém botar defeito. Também ele nasceu abençoado! Ele havia recebido um beijo do além quando apareceu. Era algo sincero e que trouxe a paz. Tomara que ele viera para um lugar sem tiros. Por alguns dias! Pois bem! Nestes alguns dias, iria para a rua ...]]> <![CDATA[

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O dia era longo. Era um dia pra ninguém botar defeito. Também ele nasceu abençoado! Ele havia recebido um beijo do além quando apareceu. Era algo sincero e que trouxe a paz.

Tomara que ele viera para um lugar sem tiros. Por alguns dias! Pois bem! Nestes alguns dias, iria para a rua para comprar o que quisesse nos principais mercados. Seria uma farra.

Seria uma farra entre parênteses. A senha parecia duvidosa. Bem, engano, estava perfeita. Vamos às compras. Chocolate, chocolate e chocolate. Ah, sim! Faltou um produto: chocolate líquido. Estava tudo resolvido.

Chocolate, ah, chocolate! Como abençoa a alma! Com a alma encantada, partiu para a esbornia, a farra começara. Lá estava o sonho de descobrir o além.

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O além tinha um nome perfeito: chocolate, chocolate para a alma. Agora chega de chocolate, ufa! Será que não tinha mais nada com o que sonhar? O encanto sobre o sabor não propunha reservas.  E o sonho estacionou.

Sonho estacionado. Quem diria! Um dia vem o sonho estacionado! De que vale um sonho dorminhoco. Não vale nada. Nada!

Chega de sonho. Não vamos mais falar sobre o assunto  por causa de um sonho. Sonho encantado com a vida. Uai! Chega de sonho. Vamos falar da vida sem o além.  Vamos falar um pouco sobre o inferno. Uai!

O inferno abocanhou o chocolate. Que diabo é isso? Ué,  abocanhou o chocolate? Isto, comeu o chocolate, nenhuma outra loja irá vender chocolate! Será o inferno, será o fim do mundo; ué, mas aonde vai parar a alegria, no além? Pode ser, mas pode não ser. Como vamos saber?

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DOIS ELEFANTES 3z2e2i /arquivos/19102 /arquivos/19102#comments Thu, 21 Jul 2022 15:33:27 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=19102 <![CDATA[Por Cacalo Fernandes Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais! Assim é a vida do elefante. Não é fácil. A existência de dois elefantes é imaginar longe. Se colocarmos um sobre o outro – e eles conseguirem se equilibrar -, teremos um elefante gigante a ver navios. Quero dizer, um deles. O ...]]> <![CDATA[

Por Cacalo Fernandes

Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais! Assim é a vida do elefante. Não é fácil.

A existência de dois elefantes é imaginar longe. Se colocarmos um sobre o outro – e eles conseguirem se equilibrar -, teremos um elefante gigante a ver navios. Quero dizer, um deles. O outro estaria meio cego e atrapalhado pelo corpo do outro.

A vida de dois elefantes, um sobre o outro, seria um escândalo. Pra começar, nenhum dos dois poderia ser muito mais gordo do que o outro. O equilíbrio seria fundamental para não haver queda sem querer.

Um elefante sobre outro seria um desafio. Um deles teria de escancarar as pernas para encaixar o corpo do outro. Simples. A vida de elefante é difícil. Mas basta ser cuidadoso.

O Leopoldo, o elefante do alto, diante do que está vendo no mundo lá de cima, resolveu coçar o saco e colocar a dupla em risco. Mas foi prudente, e tudo ficou seguro.

O Fabrício, o elefante de baixo, pensou: “Ainda tenho que aguentar este bicho fazer gracinha”? Não bastava, segundo ele, “ter de aguentar aquele monstro nas costas como itir que a vida nem sempre é uma porção de rosas”.

Leopoldo estava pouco se lixando para a folga de Fabrício. Decidiu mudar o ambiente. Deu uma sacudida que fez o elefante da parte superior se agarrar nas costas de Fabrício como se o mundo fosse terminar. Era um sinal que nem tudo era uma doçura.

Fabricio concluiu que a vida tinha lá seus truques. E deixou o tempo correr para os ânimos se acalmarem. Isto deveria ser leve para o clima abaixar com clareza. Sabia o quanto a vida precisaria disso.

De fato, era o que desejava. Queria ser dócil! Estava pouco se lixando para as ousadias de Fabrício! Queria jogo e nada mais. A vida estava cheia de certezas! Ser cuidadoso tinha como objetivo conquistar a primeira posição? A segunda posição era um escracho. Queria o primeiro lugar. Liderar o ranking era o que Leopoldo desejava.

Esta era a visão de Leopoldo. Partiu pra cima. Leopoldo logo chegou ao ápice. E dali não queria sair. Colocou o bundão no meio do caminho. Daquele lugar não sairia mais. Fabrício tentou tirar aquele corpo da frente. Mas não encontrou forças. Era o fim da linha.

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Cacalo Fernandes

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A Piscina z563w /arquivos/18966 /arquivos/18966#comments Tue, 04 Jan 2022 14:30:59 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18966 <![CDATA[Há muitos anos, um grupo de Campinas, São Paulo, entendeu que chegara a hora de fazer algo pela república de estudantes. E fez. Resolveu que a vida em república poderia ser mais interessante. Investiu uma grana um pouco alta em dois projetos: um seria para modernizar a casa e outro para a vida na república. ...]]> <![CDATA[

Há muitos anos, um grupo de Campinas, São Paulo, entendeu que chegara a hora de fazer algo pela república de estudantes. E fez. Resolveu que a vida em república poderia ser mais interessante. Investiu uma grana um pouco alta em dois projetos: um seria para modernizar a casa e outro para a vida na república.

Para a vida social, um projeto foi um carro e outro foi para uma piscina. O carro era antigo, mas um apresentável veículo. Estava bem lustrado o projeto do carro. A piscina foi também ideia do autor.

Por isso o Português era, até o momento, o chefe das reformas. Mas quando certo dia ele chegou para mostrar a ideia do carro novo, uma turma de fãs subiu a bordo. Foi num tapa só. E o carro novo mostrou-se a todos.

Quando os parceiros lotaram o carro, Português começou a enumerar os alertas dos vendedores:  não pise forte ali, não pode pisar ali, não faça isso, não faça aquilo. Foi o suficiente pra se pensar no futuro da empresa.

Mas não havia o que temer. O máximo a acontecer seria pegar fogo em tudo. Não ocorreu, mas quase.  Os que pensaram que o carro teria vida curta acertaram. De qualquer forma um guincho o pôs para descansar por algum tempo em frente à casa. A teoria de vida curta estava vingando.

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Bem, o carro ficaria em frente à casa. Talvez um dia voltasse a funcionar. E não estava tudo acabado. Era esse o trunfo final. Português ou a cuidar da piscina o dia inteiro. No dia seguinte ele apresentaria o projeto aos parceiros.

A tacada final enfim ocorreu. O português acordou os parceiros. A piscina de borracha estava pronta. Quando chegaram os parceiros, os que imaginavam uma longa piscina se arrependeram. Era uma piscina para uma pessoa só. Mas deitada. Até o nariz poderia ficar submerso. Não foi legal?

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O PAPEL NO AR t1y3a /arquivos/18890 /arquivos/18890#comments Fri, 19 Nov 2021 13:54:04 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18890 <![CDATA[Lá embaixo tudo caminhava para o nada, a não ser para o tal papagaio que insistia em voar. E voava para conduzir os sonhos.  Como se não existisse nada a fazer, ele se deixava voar sobre o nada. Assim como o papagaio, que voava ao gosto do vento, a vida tinha lá seus truques. E ...]]> <![CDATA[

Lá embaixo tudo caminhava para o nada, a não ser para o tal papagaio que insistia em voar. E voava para conduzir os sonhos.  Como se não existisse nada a fazer, ele se deixava voar sobre o nada.

Assim como o papagaio, que voava ao gosto do vento, a vida tinha lá seus truques. E seguia sua própria imaginação. Assim seguia a viagem.

Antonieta levou sua viagem assim ao Deus dará. E, como o papagaio, deixou-se levar pelo vento. A condução da vida seguiu assim o exemplo do papagaio.

Percebeu-se que deste modo tudo iria ficar confiável. Até o papagaio percebeu que tinha chegado seu momento de se mostrar a que veio. Começou a voar como louco, dando piruetas no ar.

Lá embaixo, todos observavam o espetáculo. Se outra linha se enroscasse com a dele, sabe-se lá o que iria acontecer. Neste caso, um papagaio iria por terra e lá embaixo todos estavam a postos para agarrá-lo.

Ou seja, assim como o balão tinha seu orgulho, o papagaio também o tinha. E a caminhada seguia adiante. Assim era a vida do papel no ar. Ora no balão ora nos flutuantes com linha, o papel sempre ria no final.

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Nem Quente e Nem Frio 3t6a2c /arquivos/18860 /arquivos/18860#comments Tue, 09 Nov 2021 13:28:38 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18860 <![CDATA[0 que poderia acontecer conosco naquele verão escaldante? Sabe-se lá! Iríamos pegar um trem em direção ao gelo! Caso o tempo ruim insistisse, iríamos pegar fogo? Simplesmente assim. Se o tempo ficasse nem pra cá nem lá, e se eu estivesse coçando o saco naquele sábado à tarde, eu simplesmente decidiria que iria querer um ...]]> <![CDATA[

0 que poderia acontecer conosco naquele verão escaldante? Sabe-se lá! Iríamos pegar um trem em direção ao gelo! Caso o tempo ruim insistisse, iríamos pegar fogo? Simplesmente assim.

Se o tempo ficasse nem pra cá nem lá, e se eu estivesse coçando o saco naquele sábado à tarde, eu simplesmente decidiria que iria querer um café numa casa da região central, por exemplo. Só isso. Seria uma decisão sincera.

Pois bem, lá fui eu tomar café da região central. Estaria tudo de acordo com meu projeto se eu não desse de cara com um sujeito chato, chato de galocha, daqueles de pedir para o garçom um café em temperatura média, exatamente, nem muito quente em muito frio.

O nome dele era Álvaro, como se apresentou de cara, assim que chegou ao salão. “Álvaro com acento agudo no a”, frisou. Sentou-se, com o acento agudo pendurado no pescoço.

O acento agudo foi a dica. E ele abriu os braços e se apresentou como se fossemos amigos há mil anos. “A gente se conhece há um punhado de anos”, ressaltou, “embora isso esteja na cara. Nascemos um para o outro”.

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A história de que nascemos um para o outro me deixou encafifado. Como assim nascemos um para o outro? Era um recado de irmãos. E veja lá! Olhei para o sujeito de forma incrédula.

Resolvi pensar. Eu me lembrei que cheguei ali para descansar a cabeça. Para esquecer a vida. E estava eu a responder a situações que não me interessavam. Paguei minha conta e resolvi partir.

– Espera aí. Você não vai pagar tudo?

Fingi que o papo não era comigo e fui embora.

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O Vestido Colorido 6od10 /arquivos/18828 /arquivos/18828#comments Mon, 25 Oct 2021 12:22:50 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18828 <![CDATA[Luz era uma velhinha que mantinha na vida a beleza colorida das suas rosas. Mulheres e homens paravam em frente à sua casa e ali ficavam bom tempo a observá-la. Para que este quadro acontecesse, Luz ara por situações constrangedoras. Foi durante o período em que perdeu a memória. Nessa condição é que  viu desaparecer ...]]> <![CDATA[

Luz era uma velhinha que mantinha na vida a beleza colorida das suas rosas. Mulheres e homens paravam em frente à sua casa e ali ficavam bom tempo a observá-la.

Para que este quadro acontecesse, Luz ara por situações constrangedoras. Foi durante o período em que perdeu a memória. Nessa condição é que  viu desaparecer a igreja.

Das pessoas que aram a observá-la, na maioria eram aquelas que a conheceram desses tempos de igreja. Ela as cumprimentava de longe.  A!!!, sim, e a Igreja que desapareceu foi a do Rosário.

Note a dimensão da encrenca – esqueceu-se do endereço da igreja em que chegava a dormir. Sim, a casa de Deus era visitada  por ela há 80 anos, uma eternidade para quem chegaria logo aos 100 anos com o  doce cheiro de suas rosas. E esquecer-se de onde ficava a igreja, pelo que se lembrava, foi o seu único ‘desastre’- pecado.

Assim a casa de Deus sumiu do mapa na hora errada. O neurônio da senhora de cinco filhos homens e duas  moças encantadoras, uma que sempre a seguiu em todos os lugares em que fosse, fez com que a filha seguidora a estranhasse.

Mãe e filha aram a rodar pelo quarteirão, apenas pelo quarteirão, e não encontravam igreja nenhuma. Mas vejam só, ela decidiu investigar só no quarteirão de sua própria moradia. A filha olhava a teimosia. Só percorriam um único quarteirão à procura de uma igreja. Enfim a velhinha emperrou.

“Cadê o santuário, meu santo? E o templo sempre esteve logo ali!  Quem destruiu a igreja”?, ela se perguntava. Puxava aflita os cabelos que começavam a desaparecer. A memória de Luz foi pra cucuia.

A igreja continuava viva onde sempre esteve, ficava a três quadras da imaginação de Luz. Mas ela andava que andava à procura dela, e nada. Foi uma tremedeira da memória.

Assim foi a vida de Luz quando a igreja desapareceu. Como diria um filho mais bocudo, “a merda enfim fedeu”.

Luz começou a ficar careca quando percebeu que seu mundo agora restringia-se a cuidar das plantas. ”Sua cabeça estava ´capenga´, tristonha, à beira da morte”.

Isto aconteceu até o dia  em que decidiu cuidar de vez das rosas. Seria o melhor caminho. Com cautela ou a enxergar as rosas. Pôs como antes a mão nas flores, delicadamente. E gostou.

Cacalo_rosas

O tempo ou e Luz notou no espelho que seus cabelos ganharam uma vida diferente. Estavam com os brancos mais bonitos e com um leve vermelho a se espalhar nas pontas.

Um dia porém escolheu prestar atenção em algo nos prédios vizinhos que lhe chamava o olhar. Fez isto  com a pontinha dos olhos. E lá estava ela, a igreja que havia desaparecido e estava a três quadras de Luz.

O céu avermelhou-se. Que cor estranha? Pôs seu vestido mais belo. Quando ou pela praça notou a igreja com mais cuidado. Estava vermelha como as rosas. As pontas pareciam que sorriam.

Interessante!!!Seria uma rosa? Vermelha? Branca ? Rosa? Pouco importa.

Bem, é bom cuidar delas.

Depois é depois.

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O Alimentador de Palavras 3i1s1u /arquivos/18802 /arquivos/18802#comments Thu, 07 Oct 2021 16:19:58 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18802 <![CDATA[Cacalo Fernandes Meu Tio Fernando era um espanhol porreta. Meu pai Alexandre era carioca e gostava de novidades. Aliás, eles eram dois novidadeiros. E ambos se encontraram num domingo de manhã em São Paulo para uma conversa limpa. Eles estavam na rua Monte Alegre, bem próximo da PUC São Paulo, no Bairro de Perdizes. Estavam ...]]> <![CDATA[

Cacalo Fernandes

Meu Tio Fernando era um espanhol porreta. Meu pai Alexandre era carioca e gostava de novidades. Aliás, eles eram dois novidadeiros. E ambos se encontraram num domingo de manhã em São Paulo para uma conversa limpa.

Eles estavam na rua Monte Alegre, bem próximo da PUC São Paulo, no Bairro de Perdizes. Estavam no boteco da esquina, local ideal para novidades. E para tomar cachaça.

Eles conversavam animadamente naquele domingo de manhã. Tudo acontecia ali. A conversa era maravilhosa sob o embalo da pinga. O boteco era um alimentador de palavras.

Entre uma conversa e outra, olhavam o carro quase novo de tio Fernando. Perceberam o quanto era grandioso e com que leveza o dono da fábrica em que tio Fernando atuava, desfizera-se do automóvel – praticamente deu o carro para ele.

Naquele cenário, chegaram a entender que o carro de tio Fernando se distanciava lentamente dos carros – pelo raciocínio, o carro se aproximava cada vez mais da esquina. Olharam para a pinga e deram um sorriso sarcástico. Talvez estivesse ali a causa do distanciamento dos veículos.

Pensaram em perguntar ao dono do bar se o carro, por um acaso, não estaria fugindo da posição dos demais. Notaram, de repente, que o carro em movimento era o de tio Fernando – um Dodge Dart importado da EUA, um carro mais velho, mas um Dodge.

Só o carro de tio Fernando escorregava pela pista. Tiveram a certeza disso. Olharam um para o outro: hora de correr!!! No começo da correria, assim que encostaram no Dodge, mais ou menos brecado, tentaram abrir a porta do condutor.

Meu pai ficou na frente para ajudar a conter o Dodge. Tio Fernando corria feito um louco do lado do motorista apontando a chave à porta para abri-la. Tinha que ter uma mira perfeita. Mas não achava a fechadura nem a pau. Seria um milagre. Meu pai estava se esforçando para conter o carro com seu corpo obeso. Até perceberem que o carro estava para vencer a luta. E venceu.

Deixaram o carro descer a ladeira. Só taparam os ouvidos. O carro caiu numa lixeira e levou duas almas. Os dois observavam a cena com as mãos na cabeça. Deixaram as mãos escorrerem para cobrir os ouvidos. A impressão era de que o bairro todo iria notar o barulho. Foi o que aconteceu.

Assim que o povo foi chegando, os dois comparsas foram se afastando da confusão. Quando perceberam, estavam ao lado do boteco. Os dois se olharam. E concluíram: “Vamos pensar? ”. Tomaram uma sopa. Olharam-se.

De volta pra casa, quase noite, tio Fernando abaixou a cabeça e entrou. “E o carro novo”? Gritaram os filhos.

Levantou a cabeça. “Não tem carro novo. Teve um acidente”.

Nem o parceiro acreditaria. “Está tudo em paz. Em um mês trago o carro novo”, garantiu tio Fernando. Quase todo mundo desconfiou.

Um mês depois.

“Vamos tomar uma pinga”?

“ Não, não, não…Nem a pau, Juveval! Chega! ”, brincou.

 

Digital image

 

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A Baixaria Acorda A Vizinhança 3y603j /arquivos/18786 /arquivos/18786#comments Wed, 15 Sep 2021 09:53:04 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18786 <![CDATA[Por Cacalo Fernandes Se chegássemos num bosque às três horas da manhã, tudo escuro, silêncio absoluto e, de repente, algo despenca lá do alto e estremece tudo. Lembre-se: silencio, tudo escuro e, de repente, sem avisar, algo cai lá de cima e faz estremecer tudo ao seu lado. O tombo acontece sobre folhas robustas, como ...]]> <![CDATA[

Por Cacalo Fernandes

Se chegássemos num bosque às três horas da manhã, tudo escuro, silêncio absoluto e, de repente, algo despenca lá do alto e estremece tudo.

Lembre-se: silencio, tudo escuro e, de repente, sem avisar, algo cai lá de cima e faz estremecer tudo ao seu lado. O tombo acontece sobre folhas robustas, como uma bomba na guerra do dia a dia, o que você faria? Gritaria como um doido? Resposta correta!

Foi o que fiz. Mas logo colocaria as mãos sobre minha própria boca tentando abafá-la. Resposta correta. Mas o grito foi alto. E fiquei um tempão calado e tentando escutar qualquer ruído em resposta. Parece que os céus estavam do meu lado.

Bem, chega de perguntas e respostas. Vamos adiante.

O personagem chegou ao bosque. Era começo da madrugada. Ele, assustado com a queda de um fruto fedido, pede arrego aos santos – que bosta é essa? – e descobre que esta encrencado. Nem tudo está perdido, arrisca.

O objeto é um fruto de um jatobazeiro, árvores onde nascem os frutos jatobás; bem, o que você estava fazendo num bosque às três horas da madrugada?

Estava procurando aquele negócio que quase despencou sobre minha pobre cabeça. Era um fruto fedido do tamanho de uma mão de homem adulto.

Em resumo, era um fruto de miolo mole, casca dura e miolo comestível que era adorado ou era detestado. Detestado, imagino, pelo rombo que poderia fazer em sua cabeça se o tiro fosse certeiro ou pelo cheiro e sabor. Enfim, estamos diante de um fruto amado ou odiado.

Cacalo_Jatoba fruto 2

Conheci o jatobá quando comecei chegar cada vez mais cedo ao Bosque dos Italianos. E o jatobá de repente me cativou. Era bem madrugada quando comecei a apanhar o primeiro lote. A partir deste memento notei que a última gaveta do meu armário começou a estufar. Foi lindo.

Mas certa manhã minha mãe entrou no que quarto quando eu acabara de chegar da noitada. Ela falou: “Que cheiro é esse?”. Antes que eu pudesse responder ela se agarrou exatamente à gaveta do jatobá. Ela abriu e caiu de costas. Foi o fim da minha carreira.

Cacalo_Jatoba aberto

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O carro dorminhoco 5f2w2d /arquivos/18764 /arquivos/18764#comments Thu, 19 Aug 2021 12:08:50 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18764 <![CDATA[Cacalo Fernandes Adilsom acordava toda manhã com um pensamento grudado na cabeça. Engolia o lanche matutino e partia à luta. Lá fora o carro o esperava tristemente. Isso mesmo: o carro aguardava o despertar do dono com lágrimas nos olhos. Ele levantava a tampa do motor e ava a vasculhar. O carro só olhava. Ele ...]]> <![CDATA[

Cacalo Fernandes

Adilsom acordava toda manhã com um pensamento grudado na cabeça. Engolia o lanche matutino e partia à luta. Lá fora o carro o esperava tristemente. Isso mesmo: o carro aguardava o despertar do dono com lágrimas nos olhos.

Ele levantava a tampa do motor e ava a vasculhar. O carro só olhava. Ele mexia em peça por peça. As que precisavam de óleo ele quase encharcava. Batia as mãos. Ligar.

O motor nem se mexia. Só gargalhava. Parecia o fim da linha.

”Eu queria ir além, muito além”. O carro só olhava. Lá fora, agora desprendido do motor, aguardava que ele se manifestasse. Era qualquer ruído, só para que eu seguisse viagem. Um tossido apenas.

A certa hora, sem mais nem menos, a tampa do motor se desprendeu e o jogou para dentro do motor. Assim, assim! Lá estava ele agora. Sozinho e dentro de uma escuridão silenciosa. Pensou em gritar. Isso!!! Seria como se o motor tivesse acordado.

Mas com sua mulher o vigiando pelo vitrô da cozinha – sumiu um minutinho para tomas café quando o motor o engoliu – concluiu que seria trágico. Agora seus movimentos estavam muito mais limitados.

Foi movimentar um braço e arrancou uma tampa. Estava muito escuro para achar a tampa agora desaparecida. Seus movimentos estavam contidos. Mexeu a cabeça. Destampou outra peça. “O que está acontecendo?”

Em certo momento, ao tentar se levantar, mexeu-se só um pouquinho, movimento mínimo, percebeu que seu braço esquerdo poderia se mexer. Enfim, estava meio solto. Vamos concluir que estava livre pela metade.

Conseguiu levantar a tampa do motor. Ele se meteu a levantar a maldita tampa. A luz fez seus olhos tremerem, estavam vendo mais ou menos, estavam turvos. Enfim estava solto. Poderia levantar voo.

No início pensou que seus movimentos deveriam ser cautelosos. Mas nada. Foram grosseiros. Ele foi se levantando às turras, estava pouco ligando. Fios e tampas que se danassem.

Cacalo_carro-ilustração

Notou que sua mulher estava atenta a tudo o que acontecia, ela acompanhava qualquer coisa sem sair da janela. Ele sim, saiu depressa. Lá fora, a primeira coisa que fez foi se olhar, de cabo a rabo. Era óleo para todos os lados.

Resolveu se movimentar. Sua mulher estava no mesmo lugar, no sábio vitrô. Sentou no banco dianteiro do carro adormecido, no seu lugar de motorista que já perambulou por muitas terras.

Agora estava ali. Resolveu tocar na chave. Não servia mais pra nada. Antes de dar adeus ao maldito carro, resolveu tentar a última partida. Queria saber a cor do demônio.

Não é que o maldito funcionou. Era começo ou fim de linha. Funcionou o carro. Maldito!!!!

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Ovo Azul 5i1j8 /arquivos/18687 /arquivos/18687#comments Thu, 22 Jul 2021 09:35:41 +0000 <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> <![CDATA[Blogs ASN]]> <![CDATA[Cacalo Fernandes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=18687 <![CDATA[Cacalo Fernandes O Brasil produz 4,2 milhões de toneladas de carne de galinha por ano. Depois vem os Estados Unidos com 3,3 milhões. Significa dizer que o país sonha ter quase um galinheiro em cada esquina. É mole??? O ovo de boteco faz parte deste cálculo. E certo ovo de galinha nasce azul. Não é ...]]> <![CDATA[

Cacalo Fernandes

O Brasil produz 4,2 milhões de toneladas de carne de galinha por ano. Depois vem os Estados Unidos com 3,3 milhões. Significa dizer que o país sonha ter quase um galinheiro em cada esquina. É mole???

O ovo de boteco faz parte deste cálculo. E certo ovo de galinha nasce azul. Não é só azul. É azul com manchas pretas, as manchas pretas que fazem zigue-zague no ovo azul.

Toledo, frequentador assíduo do bar do Zeca, irritou-se: “Azul, manchas pretas que fazem zigue-zague? Não sei não!!! Que droga é essa? Que estranho”!!!

É lógico dizer que todo ovo que nasce azul é parte dessa história. Está certo. O azul faz parte de muitas cores que cobrem o frango. A tal cor azul, por exemplo, faz parte delas e o termo diz respeito a frangos descendentes que vieram da Holanda.

Aí entra uma história difícil de responder. Como sair de braços dados com uma galinha, na área mais famosa do Rio de Janeiro, só por botar ovos azuis???

Cacalo_ovo buteco

E você vai me responder: “por que eu só queria circular com alguém de ovos azuis. Ponto”. Aí eu refuto: “Ponto coisa nenhuma!!! Eu disse na época que só queria ear com algum ser. E galinha é um ser quase humano.

O engano de Toledo com certeza era certo, apesar de ele ser um inveterado consumidor de destilados em boteco. O Brasil é o maior exportador de carne de frango do  mundo. Como o frango bota ovo a dar com pau ele leva o título.

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