Agência Social de Notícias 4n4v4 CCLA Notícias Wed, 11 Jun 2025 09:55:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.1.41 Cinema de Arte em Campinas 1o4z5g do diálogo com o mundo à falta de uma sala na metrópole /arquivos/4023 /arquivos/4023#comments Sat, 18 Jul 2015 17:58:19 +0000 <![CDATA[ASN]]> <![CDATA[Cultura Viva]]> <![CDATA[CCLA]]> <![CDATA[Centro de Ciências Letras e Artes]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=4023 <![CDATA[Por José Pedro Martins Em 28 de janeiro de 1957, um incêndio devastou cerca de um terço do acervo da Cinemateca Brasileira, além de documentos e inventário. Entre os filmes destruídos, “João da Matta”, de Amilar Alves, produzido em Campinas em 1923. Houve parcial recuperação da obra histórica, posteriormente, mas a memória do filme não se perdeu, pois ...]]> <![CDATA[

Por José Pedro Martins 584tu

Em 28 de janeiro de 1957, um incêndio devastou cerca de um terço do acervo da Cinemateca Brasileira, além de documentos e inventário. Entre os filmes destruídos, “João da Matta”, de Amilar Alves, produzido em Campinas em 1923. Houve parcial recuperação da obra histórica, posteriormente, mas a memória do filme não se perdeu, pois em 1950 ele havia sido exibido por iniciativa do engenheiro Marino Ziggiatti. O fato foi lembrado na última quarta-feira, 15 de julho, na abertura da exposição “65 anos de cinema de arte em Campinas”, no Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA). Participantes do evento lamentaram que, em contraste com o momento em que a cidade dialogava em alto nível com o movimento cineclubista nacional, em 2015 a Campinas metropolitana não conta com uma única sala adequada de cinema de arte, após o fechamento sucessivo das salas que existiam nos Centros Culturais Vitória e Evolução, Cinema Paradiso e, recentemente, Cine Topázio.

Paulo Emilio Salles Gomes abre curso no CCLA em 1961

Paulo Emilio Salles Gomes abre curso no CCLA em 1961

A exposição “65 anos de cinema de arte em Campinas” tem a curadoria do jornalista João Antônio Buhrer de Almeida, que destacou a importância de Marino Ziggiatti na inserção da cidade na discussão sobre cinema de arte em esfera nacional, como reflexo do que estava acontecendo principalmente em Paris. Em 1936, tinha sido criada a Cinemateca sa, por iniciativa de Henri Langlois, que naquele momento já se preocupava com o destino como plataforma artística do cinema, criado poucas décadas antes. A Cinemateca sa foi então fundada, justamente como espaço de preservação da memória e do cinema como campo de experiências estéticas.

O mesmo Langlois, lembrou Almeida, teve no brasileiro Paulo Emilio Salles Gomes um permanente interlocutor. Foi provavelmente sob a inspiração de Langlois que Salles Gomes e outros jovens intelectuais, como Décio de Almeida Prado e Antônio Cândido de Mello e Souza, se mobilizaram pela criação em 1940 do Clube de Cinema de São Paulo, embrião da Cinemateca Brasileira.

João Antônio Buhrer de Almeida, curador da exposição no CCLA

João Antônio Buhrer de Almeida, curador da exposição no CCLA

Pois foi na capital paulista que Marino Ziggiatti fez contato com Salles Gomes e outros, quando estudava engenharia no Mackenzie. Nascido em 1926, o campineiro Ziggiatti frequentava os cursos de cinema oferecidos no MASP, conhecidos por formar gerações de cinéfilos com visão crítica e ansiosos pela produção nacional e internacional.

Após formar-se em 1945, ano final da Segunda Guerra Mundial, Marino volta a Campinas e em 1950 promove, com o jornalista Bráulio Mendes Nogueira, a exibição de “João da Matta”, o histórico filme produzido na cidade em 1923. O seu pai, José Ziggiatti, havia sido um dos produtores de “João da Matta”, e as latas do filme estavam um pouco esquecidas sob as escadas da casa da família.

Cartaz de ciclo promovido em 1965, celebrando dez anos do cine de arte em Campinas

Cartaz de ciclo promovido em 1965, celebrando dez anos do cine de arte em Campinas

Em 1952, Ziggiatti foi um dos fundadores do Departamento de Cinema do CCLA, que teve sua criação oficializada em 1955. Desde então, o Departamento promoveu a exibição de mais de 400 filmes considerados de arte, tendo sido também o promotor, entre 1974 e 1983, um dos mais importantes festivais de Super-8 do Brasil. O Departamento de Cinema também promoveu vários cursos de cinema, tendo o próprio Paulo Emilio Salles Gomes e Rudá de Andrade, entre outros, como professores. Uma foto histórica na exposição mostra a abertura de um desses cursos, a 6 de agosto de 1961.

“Por meio do CCLA, e sobretudo pela atuação de Marino, mas também de outros membros do Centro, Campinas dialogava com o que estava acontecendo de mais avançado em termos de discussão sobre cinema de arte”, lembrou João Antônio Buhrer de Almeida, na cerimônia de 15 de julho, que infelizmente não contou com a participação do próprio Ziggiatti, que não pôde estar presente.

A exposição no CCLA conta com muitas preciosidades, como as páginas com as listas de filmes exibidos pelo Departamento de Cinema e pelo cineclube informal que funcionava na Sociedades Reunidas, que reunia os engenheiros, médicos e advogados de Campinas nas décadas de 1950 e 60. Também há correspondências entre Ziggiatti e personalidades do cenário cinematográfico nacional, como Paulo Emilio e Rudá de Andrade.

Muitos cinéfilos inveterados e estudiosos do cinema participaram do evento. Caso do historiador Orestes Toledo, responsável pela ativa programação de cinema no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas. Toledo reconheceu que seu interesse pelo cinema foi despertado quando, muito jovem, acompanhava as exibições feitas pelo Departamento de Cinema do CCLA. “Quando assisti No limiar da vida, de Bergmann, o impacto foi especial”, lembrou.

Toledo foi um dos que lamentaram a inexistência de uma sala de cinema de arte apropriada em Campinas. Mas ele se mantém otimista. “Campinas nunca teve tantas condições para contar com uma sala pública de cinema de arte”, entende o historiador.

Folha com a programação original de 1951 a 53: só obras-primas

Folha com a programação original de 1951 a 53: só obras-primas

O MIS-Campinas vem cumprindo um papel importante, na exibição de filmes de arte, enquanto a cidade não conta com uma sala de cinema de fato estruturada com esse propósito. São três cineclubes que operam no MIS, instalado no Palácio dos Azulejos, na região central. São o “Catavento”, o “Inverte” e o “Purpurina”, especializado na temática LGBT. São cineclubes independentes e com o modelo de autogestão.

Enquanto a sala tão esperada não vem, o cidadão pode rever, com a exposição “65 anos de cinema de arte em Campinas”, no CCLA, momentos em que a cidade respirava uma atmosfera absolutamente favorável à discussão qualificada sobre cinema. Um clima que pode ser revivido com mais intensidade, em tempos em que as novas tecnologias de informação e comunicação facilitam a difusão e o intercâmbio de ideias. (Por José Pedro Martins)

Homenagem a Marino Ziggiatti no auditório do CCLA, que leva o seu nome

Homenagem a Marino Ziggiatti no auditório do CCLA, que leva o seu nome

 

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Maneco de Gusmão e seu “O Princípio da Incerteza” dia 10 de junho em Campinas l1ch /arquivos/3590 /arquivos/3590#comments Thu, 04 Jun 2015 22:59:57 +0000 <![CDATA[ASN]]> <![CDATA[Cultura Viva]]> <![CDATA[CCLA]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=3590 <![CDATA[O Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) tem tradição de ser um dos espaços que mais promovem a vanguarda artística em Campinas. O perfil será reiterado com a abertura no próximo dia 10 de junho, quarta-feira, às 15 horas, da Exposição Quantic-Art “O Princípio da Incerteza”, do artista plástico Maneco de Gusmão. Emanuel (Maneco) de ...]]> <![CDATA[

O Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) tem tradição de ser um dos espaços que mais promovem a vanguarda artística em Campinas. O perfil será reiterado com a abertura no próximo dia 10 de junho, quarta-feira, às 15 horas, da Exposição Quantic-Art “O Princípio da Incerteza”, do artista plástico Maneco de Gusmão.

Emanuel (Maneco) de Gusmão já se definiu como um “exilado político do governo Collor” em Paris. E viveu na capital sa de 1990 a 2004, quando retornou ao país e se radicou em Ouro Fino (MG), a sua cidade natal, onde criou a ONG Culturativa e projetou e implantou o espaço “Caixa Preta”. É uma obra de arte utilitária, que consiste em uma casa de 400 metros quadrados e utilizada como residência, galeria, atelier de arte e para oficinas artísticas.

Ele se descreve, então, como um artista multimídia, trabalhando com várias técnicas e utilizando diversos estilos e referências. “Utilizo o material que tenho em mãos, faço pintura, desenho, escultura, gravura, serigrafia, música, vídeo-arte, instalação, interferência no espaço urbano, etc…”, relata.

A fragilidade do mundo contemporâneo, diz Maneco, é uma das características de seu trabalho artístico. “O limite entre o popular e o erudito, o feio e o bonito, o sexo e a castração, o sacro e o profano, a busca do novo e a referência histórica estão implícitas no conceito ‘Barroco Contemporâneo’ ao qual me inspiro e penso ser o conceito que define o Brasil com todas as contradições”, completa. Abaixo, vídeo de Maneco de Gusmão sobre sua “Caixa Preta”:

Vanguarda – O CCLA tem sido, desde a sua fundação, em 1902, um dos principais espaços para a expressão e reflexão sobre as Artes Plásticas e Visuais em Campinas. Tem uma tradição forte na área, o que o credencia a ser uma voz ativa nesse importante campo artístico.

Em junho de 1913, o CCLA sediou uma exposição de Lasar Segall (1891-1957), uma das primeiras no Brasil do artista nascido na comunidade judaica de Vilna, capital da Lituânia. O Centro adquiriu na oportunidade o quadro “Cabeça de Menina Russa” (1908), que ou a compor o acervo da Pinacoteca do CCLA.

Outro momento importante foi a publicação, em 1958, pelo Jornal do CCLA, do manifesto que deu origem ao Grupo Vanguarda, que reuniu importantes artistas plásticos de Campinas, como Francisco Biojone, Thomaz Perina, Maria Helena Motta Paes, Bernardo Caro, Enéas Dedecca, Geraldo Jürgensen, Raul Porto, Mário Bueno, Geraldo de Souza, Franco Sacchi e Edoardo Belgrado, além do poeta Alberto Amêndola Heinzl e do ensaísta José Armando Pereira da Silva, que se somariam ao coletivo. O Grupo Vanguarda está na origem da criação, em 1965, do Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC).

 

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Cine 6q6b6j Clube Universitário de Campinas completa cinco décadas de utopia /arquivos/2880 /arquivos/2880#comments Fri, 20 Mar 2015 00:03:02 +0000 <![CDATA[ASN]]> <![CDATA[Cultura Viva]]> <![CDATA[CCLA]]> <![CDATA[Cine-Clube Universitário de Campinas]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=2880 <![CDATA[Por José Pedro Martins Uma paixão eterna, uma reverência pelo poder transformador do cinema. Nesta quinta-feira, 19 de março de 2015, são lembrados os 50 anos de criação do Cine-Clube Universitário de Campinas (CCUC), um dos vários exemplos de como a cidade tem uma relação íntima com a chamada Sétima Arte. A data foi comemorada, ...]]> <![CDATA[
AMANTES DO CINEMA – I

Por José Pedro Martins

Uma paixão eterna, uma reverência pelo poder transformador do cinema. Nesta quinta-feira, 19 de março de 2015, são lembrados os 50 anos de criação do Cine-Clube Universitário de Campinas (CCUC), um dos vários exemplos de como a cidade tem uma relação íntima com a chamada Sétima Arte. A data foi comemorada, em encontro que reuniu alguns dos criadores do Cine-Clube, com um evento no Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), a organização que é um dos pilares históricos do amor campineiro pelo cinema.

O encontro de hoje foi aberto pelo presidente do CCLA, Marino Ziggiatti, que na década de 1950 havia criado e dirigido o Departamento de Cinema da organização. Em seguida, um dos co-criadores e primeiro presidente do Cine-Clube Universitário de Campinas, Luiz Carlos Ribeiro Borges, descreveu a experiência que foi “vivenciar uma utopia”.

Ribeiro Borges mostra um dos exemplares do jornal editado pelo Cine-Clube

Ribeiro Borges mostra um dos exemplares do jornal editado pelo Cine-Clube

Como complemento à visão histórica, a pesquisadora Natasha Hernandez Almeida deu detalhes de sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Federal de São Carlos, exatamente sobre “O Cineclube Universitário de Campinas (1965-1973)”. A programação de hoje foi encerrada com a exibição dos três filmes de curta metragem produzidos pelo CCUC e com homenagens aos idealizadores da instituição, como o próprio Luiz Carlos Ribeiro Borges, Dayz Fonseca e Rolf de Luna Fonseca.

Nas noites de 1965 – Fazia quase um ano que o Brasil estava sob regime militar. Ainda não havia a censura absoluta, e estudantes e intelectuais intensificavam a mobilização contra a ditadura. No dia 9 de março o general-presidente Castelo Branco levara uma vaia histórica em aula inaugural na Universidade Federal do Rio de Janeiro. No mesmo dita, a UnB, em Brasília, também sediava um protesto contra os militares. Outra manifesta estudantil contra a ditadura no dia 11, no Fundão, no Rio, e lançamento do Manifesto de intelectuais pelas liberdades suprimidas em 1964, no dia 13, também no Rio de Janeiro.

Filmagem de cena de um dos títulos da trilogia produzida pelo CCUC, com participação técnica de Henrique de Oliveira Junior

Filmagem de cena de um dos títulos da trilogia produzida pelo CCUC, com participação técnica de Henrique de Oliveira Junior

O ambiente universitário estava em ebulição e não foi diferente em Campinas. A Unicamp estava ainda em estruturação e a movimentação maior acontecia na Universidade Católica de Campinas, assim denominada desde 1955. Filmes de arte eram exibidos eventualmente, como na Semana de Estudos Filosóficos, da qual Dayz Fonseca havia participado.

Foi neste contexto que, segundo Luiz Carlos Ribeiro Borges, então aluno de Direito na Universidade Católica de Campinas, surgiu a ideia de “montagem de um espaço sistematizado para exibição de filmes”. Amadurecia a proposta de criação de um cineclube, nos moldes de iniciativas semelhantes principalmente no eixo Rio-São Paulo mas também em outras capitais estaduais e até no interior paulista – o primeiro cineclube de que se tem notícia no interior é o de Marília, de 1952 e ainda em atividade.

No caso de Campinas, lembra Borges, havia uma insatisfação latente no meio universitário, quanto à programação comercial que predominava nos cinemas locais – o Voga, da rua General Osório (depois Cine Jequitibá, a partir de 1969); o Carlos Gomes, na Campos Salles; o Windsor, na General Osório com Regente Feijó, entre outros.

Dayz Fonseca e Rolf de Luna Fonseca am filmes e estiveram entre os homenageados neste 19 de março

Dayz Fonseca e Rolf de Luna Fonseca am filmes e estiveram entre os homenageados neste 19 de março

Na mesa de fundação, Borges, Dayz Fonseca, Julia Roberto Alves e Dairton Tessari, já falecido. Outros depois se juntariam ao grupo, como João de Assis Rossi, Paulo de Tarso Salomão, Gustavo Mazzola e Og Bernasconi. Outro grande entusiasta, desde o início, foi o professor José Alexandre dos Santos Ribeiro.

O grande teste para o recém-nascido cineclube foi a exibição, logo no dia 31 de março de 1965, um ano depois do golpe militar, do filme “O Eclipse”, do mestre italiano Michelangelo Antonioni. Um suspiro, a ansiedade pelo retorno do público, mas o sucesso alcançado: mais de 500 pessoas se aglomeraram no Salão Nobre do Pátio dos Leões, onde funcionava a Universidade Católica, para assistir à trama envolvendo o par romântico Monica Vitti e Alain Delon, seguida de debate aberto, como aconteceria em todas as sessões dos 108 filmes projetados pelo CCUC em seus oito anos de atividades.

A pesquisadora Natasha Almeida comentou a contribuição histórica do CCUC, tema de sua tese de mestrado na UFSCar

A pesquisadora Natasha Almeida comentou a contribuição histórica do CCUC, tema de sua tese de mestrado na UFSCar

No cinema comercial e a produção de filmes – As exibições continuaram acontecendo nos espaços da Universidade Católica e também no Centro de Ciências, Letras e Artes, que desde os anos 1950 mantinha um ativo Departamento de Cinema, sob a liderança de Marino Ziggiatti.

Mas os jovens do CCUC queriam mais e ousaram começar a projetar filmes de arte também nos cinemas comerciais de Campinas. “Foi uma ousadia, mas conseguimos”, lembra Borges. Foram feitos contatos com embaixadas e consulados da França, dos Estados Unidos, do Canadá e países europeus, e também com as próprias distribuidoras. E o Cine-Clube Universitário de Campinas alcançou o propósito, com várias exibições em cinemas do centro da cidade.

O CCUC começou a gerar lucro. Em uma reunião no CCLA, evoluiu outra ideia ousada, a criação de um jornal exclusivo sobre cinema em Campinas. O sonho acabou indo para as impressoras de linotipo e foram editados cinco números do jornal, entre 1965 e 1967. Artigos assinados pelos membros do cineclube e colaboradores davam um panorama do cinema brasileiro e mundial e elencavam as atividades do CCUC.

Em pouco tempo, tinha sido atingida e ultraada a meta de ajudar a formar um público crítico, que apreciasse e discutisse as realizações de nomes como Antonioni, Bergmann, Godard e os brasileiros Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, entre outros.

Faltava apenas um o à frente, a produção de filmes próprios do Cine-Clube Universitário de Campinas. E eles vieram. Em 1966, o primeiro, “Um Pedreiro”, dirigido por Dayz Peixoto Fonseca, que recebeu o prêmio de Melhor Filme Brasileiro no Festival Experimental Latino-Americano, em São Paulo, 1968.

Em 1967, o segundo, “O Artista”, de Luiz Carlos Ribeiro Borges. “O Artista” é um emblema do processo de descoberta que tantos jovens, de todas as idades, já vivenciaram e continuam vivenciando. O próprio Borges é quem descreve o argumento do filme: “Um artista, que vivia alienado, a por uma revelação e se converte, muda o seu foco, a a ser engajado politicamente”. Sim, o diretor ite que existiam influências socialistas no roteiro do curta-metragem produzido e exibido em Campinas, em plena ditadura.

Em 1972 viria o último da trilogia produzida pelo CCUC, “Dez jingles para Oswald de Andrade”, de Rolf de Luna Fonseca, com roteiro de Décio Pignatari, um frequentador assíduo do Centro de Ciências, Letras e Artes.

Um elemento capital a unir os três curtas: a presença, como responsável técnico, de Henrique de Oliveira Júnior, dono de uma biografia riquíssima ligada ao cinema em Campinas. Um ícone de como o cinema desperta encanto e emoções.

Uma grande aventura – Em 1969, formado em Direito, Borges deixa o Cine-Clube para seguir sua carreira profissional em outra cidade. A censura começa a ficar mais rígida, o ambiente político e cultural do Brasil se fechava pouco a pouco. O grupo remanescente entendeu que a missão do CCUC tinha sido cumprida em grande estilo e, em 1973, a decisão pelo encerramento de suas atividades.

O movimento cineclubista no Brasil tem sido, desde a década de 1920, um dos grandes responsáveis por manter a chama acesa no interesse por um cinema de arte, questionador, plataforma para a reflexão dos grandes temas da condição humana. Um dos primeiros, o Chaplin-Club, teve entre seus fundadores nomes capitais do cinema brasileiro, como Mário Peixoto, Humberto Mauro, Adhemar Gonzaga e Plinio Sussekind Rocha. “Limite”, de Peixoto, clássico nacional, foi exibido primeiramente no próprio Chaplin-Club.

O Cine-Clube Universitário de Campinas faz parte dessa trajetória, e é um dos capítulos centrais da ligação estreita da cidade com o cinema. Campinas, segundo muitos autores, é a terra onde nasceu a fotografia, pelas mãos do francês Hercules Florence, e onde viveu um dos precursores do rádio, o padre Landell de Moura. Com estes antecedentes, a vocação para o cinema era inevitável. E ela se materializou, em coração, projetor e celuloide.

Uma cerimônia histórica no CCLA, para lembrar os 50 anos do Cine-Clube

Uma cerimônia histórica no CCLA, para lembrar os 50 anos do Cine-Clube

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