Agência Social de Notícias 4n4v4 Laboratório MSD Notícias Wed, 11 Jun 2025 09:55:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.1.41 Barqueata 353l45 distribuição de mudas e cruzes nas águas mobilizam Campinas no Reviva o Rio Atibaia /arquivos/1117 /arquivos/1117#comments Sun, 09 Nov 2014 21:31:30 +0000 <![CDATA[José Pedro Soares Martins]]> <![CDATA[Ecodesenvolvimento]]> <![CDATA[Associação de Remo de Sousas]]> <![CDATA[Jaguatibaia]]> <![CDATA[Laboratório MSD]]> <![CDATA[Reviva o Rio Atibaia]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=1117 <![CDATA[Uma barqueata, com a colocação de cruzes no leito do rio, para marcar o estado de desolação das águas, encerrou no fim da manhã deste domingo, 9 de novembro, no distrito de Sousas, em Campinas, a a 17ª edição do Reviva o Rio Atibaia. A edição deste ano foi marcada pela crise histórica dos recursos hídricos no ...]]> <![CDATA[

Uma barqueata, com a colocação de cruzes no leito do rio, para marcar o estado de desolação das águas, encerrou no fim da manhã deste domingo, 9 de novembro, no distrito de Sousas, em Campinas, a a 17ª edição do Reviva o Rio Atibaia. A edição deste ano foi marcada pela crise histórica dos recursos hídricos no estado de São Paulo, e particularmente nas bacias do Alto Tietê, na Grande São Paulo, e bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), na região de Campinas. O Reviva o Rio Atibaia de 2014 reforçou a importância da Área de Proteção Ambiental (APA) de Campinas e o Plano Local de Gestão Urbana da Macrozona 1 para o futuro das águas na região. 4h4y3m

Além da barqueata, houve distribuição de mudas de árvores em tubetes, Maquete Dinâmica, Arte e Ciência e Árvore do Saber na Praça Beira Rio, Espaço Saúde e Qualidade de Vida e a Exposição Fotográfica Olhares sobre a APA, a partir das 9 horas, em Sousas. O Reviva o Rio Atibaia é o mais antigo evento ambiental em atividade no estado de São Paulo, fruto da parceria entre Jaguatibaia – Associação de Proteção Ambiental, Associação de Remo de Sousas e Laboratório MSD.

O agrônomo José Carlos Perdigão, da Jaguatibaia, entregou mudas de árvores e falou sobre importância das matas ciliares

O agrônomo José Carlos Perdigão, da Jaguatibaia, entregou mudas de árvores e falou sobre importância das matas ciliares

O rio Atibaia é um dos mais impactados pela construção do Sistema Cantareira, o conjunto de reservatórios que abastece metade da Grande São Paulo e que já está no uso do que resta do seu Volume Morto.  Estes reservatórios são formados na divisa de Minas Gerais e São Paulo, nas nascentes dos rios Atibaia e Jaguari.

O estudo “Análise de séries temporais de vazão e de precipitação na Bacia do Rio Piracicaba) realizado por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear da Agricultura (CENA), órgão da USP localizado em Piracicaba, comprovou que as vazões médias do rio Atibaia, um dos principais formadores da bacia do rio Piracicaba, foram reduzidas após a entrada em operação do Cantareira, em 1974.

Muitas exposições ricas em informação sobre o Atibaia e as bacias PCJ foram montadas na Praça Beira Rio

Muitas exposições ricas em informação sobre o Atibaia e as bacias PCJ foram montadas na Praça Beira Rio

Os pesquisadores (Juliano Daniel Groppo, Luiz Carlos Eduardo Milde, Manuel Enrique Guamero, Jorge Marcos de Moraes e Luiz Antonio Martinelli) compararam as vazões de 1975 a 1996  com as de 1947-1974, em três pontos de medição, e concluíram que elas caíram entre 14,5 e 18,5% após 1974.

“A comparação do comportamento dos rios com e sem a influência do Sistema Cantareira e a análise dos períodos em que as mudanças ocorrem sugerem que a retirada de água da bacia para o abastecimento da Grande São Paulo é a mais provável causa da tendência negativa na vazão”, concluem os autores.

A criançada se divertiu muito e aprendeu bastante sobre a importância das águas

A criançada se divertiu muito e aprendeu bastante sobre a importância das águas

Reviva – O movimento Reviva o Rio Atibaia nasceu no âmbito do processo de criação e estruturação da APA de Campinas. A Jaguatibaia – Associação de Proteção Ambiental lançou em 1997 o Reviva o Rio Atibaia, em parceria com a Associação de Remo de Sousas e Merck Sharp & Dohme. O Reviva retomou o debate sobre a APA. Na segunda edição, em 1998, foi realizado o fórum Resgate do Plano Gestor da APA. A mobilização se intensificou nas edições seguintes e, a 7 de junho de 2001, durante a Semana do Meio Ambiente, o prefeito Antônio da Costa Santos sancionou a Lei 10.850, criando a APA de Campinas, englobando os distritos de Sousas e Joaquim Egídio e também a região a nordeste do município localizada entre o distrito de Sousas, o Rio Atibaia e o limite intermunicipal Campinas-Jaguariúna e Campinas-Pedreira.

Cruzes no rio, um protesto, um chamado à ação

Cruzes no rio, um protesto, um chamado à ação

Definições apropriadas sobre o Plano de Manejo da APA são essenciais para o futuro com qualidade de vida da região. A captação de água para Campinas, responsável por mais de 90% do consumo na cidade, está localizada no Atibaia, em Sousas, a poucos metros de onde a barqueata de hoje foi encerrada com cruzes no leito do rio. Um protesto e um chamado à ação. (Por José Pedro Martins)

O Reviva o Rio Atibaia é o mais antigo evento ambientalista em atividade em São Paulo: pela vida

O Reviva o Rio Atibaia é o mais antigo evento ambientalista em atividade em São Paulo: pela vida

 

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O remador e ex 3a415e toureiro que é guardião do rio Atibaia /arquivos/451 /arquivos/451#comments Fri, 26 Sep 2014 12:35:21 +0000 <![CDATA[José Pedro Soares Martins]]> <![CDATA[Ecodesenvolvimento]]> <![CDATA[Associação de Remo de Sousas]]> <![CDATA[Jaguatibaia]]> <![CDATA[Laboratório MSD]]> <![CDATA[Reviva o Rio Atibaia]]> <![CDATA[Sistema Cantareira]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=451 <![CDATA[O seo Rubens Godoy, 83 anos, se preparava para fazer mais um corte de cabelo em sua barbearia, em uma ensolarada manhã de 23 de setembro, entrada da Primavera, ao mesmo tempo em que começava, em Nova York, na sede das Nações Unidas, a Conferência de Cúpula do Clima. O barbeiro-remador que mora no distrito de Sousas, em Campinas, ...]]> <![CDATA[

O seo Rubens Godoy, 83 anos, se preparava para fazer mais um corte de cabelo em sua barbearia, em uma ensolarada manhã de 23 de setembro, entrada da Primavera, ao mesmo tempo em que começava, em Nova York, na sede das Nações Unidas, a Conferência de Cúpula do Clima. O barbeiro-remador que mora no distrito de Sousas, em Campinas, é o mais conhecido guardião do rio Atibaia, que sofre em 2014 os efeitos da mais grave estiagem das últimas décadas.

A  seca assustadora é alimentada justamente pelas mudanças climáticas que motivaram a reunião realizada no outro hemisfério, e convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Enquanto Obama, Dilma Rousseff, Al Gore, Leonardo di Caprio e outros governantes e estrelas se revezavam em reiterar promessas ao microfone, a poucos metros da sala onde permanece o “Guerra e Paz”, de Portinari, o seo Rubens renovava o amor ao rio, celebrizado em sua frase:  “Não vivo a reclamar, vivo a remar”.

Em todos os cantos da modesta barbearia, sinais da trajetória do campineiro que seguiu a profissão do pai, Alfredo, depois de transitar por outras trilhas. São fotografias, os vários prêmios que recebeu e, em uma das paredes, um mapa reproduzindo a campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, na Segunda Guerra Mundial. Foi um presente do amigo Luiz Bertazzoli, um dos 328 campineiros que participaram das operações militares na época, seja patrulhando as costas brasileiras, seja lutando nos campos italianos.

Na Lagoa do Taquaral o Seo Rubens aprendeu a remar no barco do tio (Reprodução Adriano Rosa)

Na Lagoa do Taquaral o Seo Rubens aprendeu a remar no barco do tio (Reprodução Adriano Rosa)

A façanha da FEB  em Monte Castelo, principalmente, foi uma grande motivação para muitos brasileiros abraçarem a carreira militar. Rubens Godoy serviria ao Exército, em Campinas mesmo, por dois anos, no começo da década de 1950. Não era a sua vocação, assim como também não era jogara futebol. “Sempre fui muito ruim”, confessa o torcedor do Corinthians. Já preferia, desde menino, o remo à bola de capotão.

Rubens começou a remar na Lagoa do Taquaral, no começo ainda dos anos 1940. “Era uma lagoa mesmo, com taboa e tudo. Comecei a remar com o meu tio, que tinha um barco lá”, lembra. Mas o remador ainda teria outra profissão, depois de ar rapidamente pela área militar: foi toureiro de circo. Se apresentou em várias cidades, na realidade como palhaço do circo que, às vezes, se aventurava em encarar o bicho e segurá-lo pelos chifres.

Também não seguiu o perigoso ofício e aos poucos assumiu a profissão do pai, que tinha uma barbearia na rua José Paulino, centro de Campinas. A vida mudou quando se mudou para Sousas, por volta de 1957. “Dava para atravessar a rua de olho fechado naquela época”, recorda seo Rubens, que tem o negócio instalado na rua Coronel Alfredo Augusto do Nascimento , hoje a mais movimentada do distrito.

O toureiro Rubens, no circo que rodou várias cidades na região de Campinas (Reprodução Adriano Rosa)

O toureiro Rubens, no circo que rodou várias cidades na região de Campinas (Reprodução Adriano Rosa)

Durante muitos anos remou no Clube Regatas, uma agremiação com rica história no esporte. No final da década de 1990, sempre inquieto, seo Rubens idealizou a Associação de Remo de Sousas, que ainda preside. A sede da Associação fica em uma ilha, cercada de rio Atibaia por todos os lados em tempos normais. Saguis, patos, gansos, lagartos e outros animais são frequentadores habituais da ilha, que continua transpirando vida mesmo na mais grave crise hídrica em muitas décadas nessa região de São Paulo.

“É São Pedro mesmo. Eu ligo para ele e ele não atende”, brinca seo Rubens que, aos poucos, cita alguns fatos que, na sua opinião, contribuíram para agravar a situação do querido Atibaia, um dos formadores do rio Piracicaba e principalmente manancial de abastecimento de água de Campinas. “Quando fizeram o Cantareira eu já dizia que ia faltar água para nós um dia”, diz o remador, em referência ao Sistema Cantareira, que viabiliza o abastecimento de metade da Grande São Paulo com águas da bacia do Piracicaba. “Também teve muita poluição e desmatamento”, completa.

O seo Rubens Godoy mantém a esperança de recuperação do rio amado. Uma das razões é o despertar de consciência, expresso em ações como o Reviva o Rio Atibaia, criado em 1997, pela parceria entre a Associação de Remo de Sousas, Associação Jaguatibaia e Merck Sharp & Dohme (Laboratório MSD). Perto de sua 17a edição, o Reviva se transformou em uma das principais iniciativas de mobilização na bacia do Piracicaba, conhecida em todo Brasil pela luta da população em defesa de seus rios.

Em fevereiro de 2014 o Atibaia quase secou, depois recuperou um pouquinho,  mas estão por todas as partes os sinais de que a situação é gravíssima, e que pode durar anos uma recuperação deste e outros rios.  O seo Rubens continua firme, na barbearia, nas piadas, nas conversas com os amigos, na fé que o Atibaia um dia volte a ser o “lugar saudável” da língua indígena. Cidadão de Sousas, de Campinas, do mundo, ele faz a sua parte, mesmo a milhares de quilômetros da Cúpula do Clima.  (Por José Pedro Martins)   

Seo Rubens, na barbearia: sempre remando com a esperança (Foto Adriano Rosa)

Seo Rubens, na barbearia: sempre remando com a esperança (Foto Adriano Rosa)

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