Agência Social de Notícias 4n4v4 Mudanças climáticas Notícias Wed, 11 Jun 2025 09:55:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.1.41 Extremos climáticos devem ocorrer com mais frequência e intensidade em São Paulo l4ug /arquivos/2579 /arquivos/2579#comments Fri, 06 Mar 2015 18:48:08 +0000 <![CDATA[ASN]]> <![CDATA[Campinas 250 anos]]> <![CDATA[Ecodesenvolvimento]]> <![CDATA[Impactos das mudanças climáticas no Brasil]]> <![CDATA[Mudanças climáticas]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=2579 <![CDATA[Por Elton Alisson, da Agência FAPESP A variação climática observada na Região Metropolitana de São Paulo nos últimos anos – caracterizada por chuvas intensas concentradas em poucos dias, espaçadas entre longos períodos secos e quentes – deve se tornar tendência ou até mesmo agravar nas próximas décadas. As conclusões são de um estudo realizado por ...]]> <![CDATA[

Por Elton Alisson, da Agência FAPESP 5x1z3p

A variação climática observada na Região Metropolitana de São Paulo nos últimos anos – caracterizada por chuvas intensas concentradas em poucos dias, espaçadas entre longos períodos secos e quentes – deve se tornar tendência ou até mesmo agravar nas próximas décadas. 1k3r55

As conclusões são de um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em colaboração com colegas das Universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp), Estadual Paulista (Unesp), de Taubaté (Unitau) e dos Institutos Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e de Aeronáutica e Espaço (IAE), entre outras instituições e universidades do Brasil e do exterior, no âmbito do Projeto Temático “Assessment of impacts and vulnerability to climate change in Brazil and strategies for adaptation option”, apoiado pela FAPESP.

Resultados do estudo foram descritos em artigos publicados na revista Climate Research e contribuíram para a elaboração do Atlas de Projeções de Temperatura e Precipitação para o Estado de São Paulo, uma publicação interna do Inpe lançada em 2014, também resultado de projeto.

“Estamos observando na Região Metropolitana de São Paulo um aumento na frequência de chuvas intensas, deflagradoras de enchentes e deslizamentos de terra, distribuídas entre períodos secos que podem se estender por meses”, disse José Antônio Marengo Orsini, pesquisador do Inpe e atualmente no Cemaden.

“Os modelos climáticos projetam que esses eventos climáticos extremos arão a ser cada vez mais comuns em São Paulo e em outras cidades do mundo e podem até mesmo se intensificar, se forem mantidos o atual ritmo de urbanização e de emissão de gases de efeito estufa”, disse o pesquisador, que coordenou o estudo.

Os pesquisadores analisaram a variabilidade do clima da região metropolitana nos últimos 80 anos por meio de dados diários de chuva referentes ao período de 1933 a 2011 fornecidos pela estação meteorológica Água Funda, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP). Do período de 1973-1997, foram utilizados também dados de outras 94 estações meteorológicas espalhadas pela região.

As observações indicaram um aumento significativo, desde 1961, no volume total de chuva durante a estação chuvosa, que pode estar associado à elevação na frequência de dias com chuva pesada e à diminuição de dias com precipitações leves na cidade.

Enquanto os dias com chuva pesada – acima de 50 milímetros (mm) – foram quase nulos nos anos 1950, eles ocorreram entre duas e cinco vezes por ano entre 2000 e 2010 na cidade de São Paulo.

Ilha de calor

De acordo com Marengo, as alterações no regime de chuvas em São Paulo podem ser decorrentes da variabilidade climática natural, mas podem também estar relacionadas ao crescimento da urbanização, em especial nos últimos 40 anos, que contribuiu para agravar os efeitos da “ilha de calor” na cidade.

Com o aumento da urbanização, o solo da região – antes exposto e com vegetação remanescente da Mata Atlântica – foi sendo cada vez mais coberto por materiais como asfalto e concreto, que absorvem muito calor e não retêm umidade.

Com isso, durante o dia o clima fica muito quente e, à noite, o calor acumulado é liberado para a atmosfera. A umidade relativa do ar da cidade é reduzida e a evaporação de água do solo para a formação de nuvens é acelerada, segundo explicou Marengo.

“O aumento da taxa de evaporação faz com que mais água do solo seja extraída, deixando-o totalmente seco, como tem acontecido nas regiões dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo”, disse o pesquisador. “Isso pode contribuir para aumentar o deficit hídrico da cidade”, avaliou.

Projeções climáticas

A fim de avaliar possíveis tendências e alterações no padrão de chuvas extremas até 2100, os pesquisadores fizeram projeções de mudanças climáticas de diferentes regiões do Estado de São Paulo, incluindo a região metropolitana, usando uma técnica chamada downscaling.

A técnica combina o modelo climático regional Eta-TEC, desenvolvido pelo Inpe, com os modelos globais HadCM3 e HadGEM2, criados no Reino Unido e usados pelo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), para fazer projeções de curto, médio e longo prazo, com uma resolução espacial de 40 quilômetros.

“Ela permite fazer previsões climáticas mais detalhadas de regiões do Estado de São Paulo, como o Vale do Paraíba ou a Serra do Mar, que não aparecem em um modelo climático global”, explicou Marengo.

O modelo foi rodado pelos pesquisadores com base no cenário 21 SRES A1B de emissões de gases de efeito estufa até 2100, usado pelo IPCC.

Nesse cenário climático, considerado intermediário, as emissões de gases-estufa poderão atingir 450 partes por milhão (ppm) e causar um aumento na temperatura global da ordem de 3 ºC até 2100.

Os pesquisadores realizaram simulações para os períodos de 2010 a 2040, 2041 a 2070 e 2071 a 2100, tendo como base o período climatológico de 1961 a 1990, adotado como padrão para projeções climáticas pela Organização Mundial de Meteorologia.

Os resultados das projeções indicaram que aumentará a frequência e a intensidade de chuvas extremas na região metropolitana de São Paulo e nas regiões norte, central e leste do estado nas próximas décadas.

Por outro lado, as projeções também sugeriram um aumento significativo na frequência de veranicos nessas mesmas regiões, sugerindo que as chuvas extremas serão concentradas em alguns dias e ocorrerão entre períodos de seca mais longos, explicou Marengo.

“As projeções mostram que haverá um aumento dos riscos de enchentes, inundações e de delizamentos de terra na região metropolitana de São Paulo e nas regiões norte, central e leste do estado”, disse o pesquisador.

“As pessoas que moram nessas regiões deverão experimentar um aumento maior de temperatura, assim como mudanças no regime de chuva e secas mais prolongandas”, afirmou.

Vulnerabilidade climática

Segundo Marengo, uma das razões pelas quais essas regiões do estado poderão ser mais atingidas pelas variações climáticas é o fato de terem maior densidade populacional.

Além delas, as regiões do Vale do Paraíba, da Serra do Mar, da Baixada Santista e de Campinas também deverão sentir mais os efeitos das variações climáticas, indicou Marengo.

“Os impactos sociais e econômicos do aumento da temperatura, secas mais prolongadas e mudanças no regime de chuva nesses locais deverão ser maiores”, estimou.

“No caso da região oeste de São Paulo, por exemplo, onde a densidade populacional é menor, os impactos serão relativamente menores, mas também ocorrerão.”

A projeção de aumento da mancha na região metropolitana de São Paulo até 2030, justamente nas áreas mais vulneráveis às consequências das mudanças climáticas, deverão agravar ainda mais o risco de desastres naturais, avaliou o pesquisador.

“Os deslocamentos populacionais causados pelas mudanças climáticas não serão só rurais, porque há mais pessoas vivendo nas cidades do que no campo hoje”, estimou Marengo.

“Se fenômenos recentes, como a seca em São Paulo, mostram que não estamos preparados para enfrentar os problemas relacionados às mudanças climáticas, os resultados do estudo reforçam que esses problemas só tendem a piorar e que é preciso considerar possíveis estratégias de adaptação”, disse Marengo.

O artigo contendo resultados dos estudos Observed and projected changes in rainfall extremes in the Metropolitan Area of São Paulo (doi: 10.3354/cr01160), de Marengo e outros, pode ser lido na revista Climate Research em http://www.int-res.com/abstracts/cr/v61/n2/p93-107/

E o artigo “Rainfall and climate variability: long-term trends in the Metropolitan Area of São Paulo in the 20th century” (doi: 10.3354/cr01241), de Obregón e outros, pode ser lido na mesma revista em http://www.int-res.com/abstracts/cr/v61/n2/p93-107/

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Tese das mudanças climáticas de origem humana tem motivação geopolítica 6v6t53 diz pesquisador da Unicamp /arquivos/1452 /arquivos/1452#comments Sun, 30 Nov 2014 16:01:08 +0000 <![CDATA[ASN]]> <![CDATA[Ecodesenvolvimento]]> <![CDATA[Aquecimento global]]> <![CDATA[COP-20 Lima]]> <![CDATA[Mudanças climáticas]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=1452 <![CDATA[Entre os dias 1 e 12 de dezembro as atenções da mídia, governos e lideranças de todo planeta estarão voltadas para mais uma Conferência das Partes (COP-20) da Convenção das Nações Unidas das Mudanças Climáticas, que será realizada em Lima, no Peru. A ideia central da Convenção, e portanto dos vários encontros e programas promovidos em ...]]> <![CDATA[

Entre os dias 1 e 12 de dezembro as atenções da mídia, governos e lideranças de todo planeta estarão voltadas para mais uma Conferência das Partes (COP-20) da Convenção das Nações Unidas das Mudanças Climáticas, que será realizada em Lima, no Peru. A ideia central da Convenção, e portanto dos vários encontros e programas promovidos em função dela, como a COP-20, é a de que ações antropogênicas, como a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão, sobretudo), estão contribuindo para aumentar as emissões de gases que agravam o efeito-estufa e as mudanças climáticas em escala global. Esta tese, que está na base por exemplo dos relatórios do Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), tem “motivações geopolíticas e econômicas”, na opinião do professor  Dr.Antônio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O especialista da Unicamp entende que os eventos climáticos extremos em curso devem-se a ciclos climáticos observados ao longo da história, sendo todos reflexos das atividades solares. Em média, observa o professor Zuffo, a Terra recebe o equivalente a 1400 w por m2/s do Sol.  Esta quantidade de energia equivale ao poder energético de 9×10 elevado a 20 l/min de gasolina consumidos, ou a dez milhões de vezes a produção anual de petróleo da terra. É o mesmo, igualmente, que a energia produzida por 10 bilhões de Itaipus, segundo os cálculos do professor da Unicamp. A emissão de 1400 w por m2/s do Sol, reitera o professor Zuffo, é apenas uma média. Qualquer incremento ou diminuição da atividade solar, completa, tem um impacto enorme no clima da Terra.

O professor Zuffo nota que os ciclos climáticos já vêm sendo estudados há anos. Um dos mais citados é o que trata do Efeito José, inspirado no personagem bíblico que, ao interpretar o sonho do faraó, previu sete anos de fartura e sete anos de fome. Na área hidrológica, o Efeito José caracteriza períodos de longos períodos de estiagem, seguidos de longos períodos de seca. Exatamente o que ocorreu com os 35 anos de precipitações menores entre 1935 e 1970, seguidos de um período de maior precipitação nas três décadas seguintes na Região Sudeste do Brasil. A atual estiagem, que provoca uma crise hídrica histórica em São Paulo e outras partes do país, seria então o início de um novo ciclo, de precipitações menores.

Professor Dr.Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp: tese equivocada leva a políticas públicas equivocadas

Professor Dr.Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp: tese equivocada leva a políticas públicas equivocadas

O estudo que deu o nome de José a este fenômeno é de autoria de Benoit B.Mandelbrot e James R.Wallis, que analisaram os dados fluviométricos históricos de grandes rios no mundo, como o Nilo no Egito. O estudo é de 1968, quando estavam sendo iniciadas as obras do Sistema Cantareira. Para o professor da Unicamp, os gestores públicos mostraram desconhecer, ou desconsiderar, esses estudos, o que seria uma das causas da diminuição acelerada dos volumes do Sistema Cantareira, que retira águas da bacia do rio Piracicaba (e portanto da região de Campinas) para abastecer metade da Grande São Paulo.

O especialista da Unicamp lembra que a última grande estiagem em regiões como Sudeste e Nordeste, que levou inclusive a invasões de flagelados no Nordeste, foi em 1953, dentro portanto do período de secas do Efeito José. No mesmo ano houve seca na Califórnia e muitas inundações na Europa e na Amazônia. Pois em 2014 também está havendo forte estiagem no Sudeste e Nordeste, no Brasil, na Califórnia, nos Estados Unidos, da mesma forma que aconteceram grandes inundações na Amazônia e Europa.

Mas também existem outros estudos sobre ciclos climáticos, lembra o especialista. São estudos que dão nome a ciclos solares. “O Sol tem quatro tipos de atividades que são mais ou menos importantes, dependendo da duração desta atividade”, afirma o estudioso da Unicamp. Essas variações na atividade solar, ele explica, foram estudadas por meio da análise do Carbono 14.

O Ciclo de Schwabe (de Heinrich Schwabe, 1789-1875) tem 11 anos. O cientista observou a aparição das manchas solares. No mínimo de Schwabe, “a Terra recebe menos ultravioleta que leva a criar menos ozônio na estratosfera, enquanto que em seu máximo aumenta-se de 1 a 2% a concentração de ozônio”, segundo o pesquisador da Unicamp.

Também obtido com análise de Carbono 14, o Ciclo de Suess mostra uma periocidade de uns 150 a 200 anos. O Ciclo de Gleissberg, por sua vez, tem duração de 70 a 100 anos e foi descoberto em 1958 pelo cientista do mesmo nome, tendo efeito sobre a amplitude do Ciclo de Schwabe, na proporção de 8 x 11 anos. Quase todos os mínimos de Glessberg depois do ano 300 DC, segundo o especialista da Unicamp, como por exemplo 1670, 1810 e 1895, “coincidiram com climas muito frios no hemisfério norte, enquanto que os máximos de Gleissberg  ocorrem com climas mais quentes, como por exemplo para 1130 (ótimo climático medieval)”. Já o Ciclo de Hallstattzeit tem um período de 2300 anos e o máximo deveria ser alcançado no ano de 2800 e seu próximo mínimo em torno do ano 3.950.

O professor da Unicamp observa que teorias climáticas têm sido alteradas nos últimos anos. Na década de 1970, observa, foi forte a tese de que estaria havendo um resfriamento do clima global. Para o professor Zuffo, considerando os ciclos climáticos determinados pelas atividades solares, a tese do aquecimento global de origem antropogênica tem, portanto, motivações geopolíticas e econômicas. “Essa tese não é consenso entre os cientistas”, ele garante. Falar de mudanças climáticas com origem antropogênica, assinala, “tornou-se politicamente correto”.

Entre as motivações geopolíticas e econômicas, estaria a venda de novos produtos e tecnologias, “sempre envolvendo muito dinheiro”. Para ele, a propagação da tese “leva a políticas públicas equivocadas”, e o Brasil também estaria trilhando esse caminho na sua opinião. Ações antrópicas, sustenta o pesquisador, “têm impacto sim no microclima local, mas não no macroclima”. “Neste ano nevou no Brasil”, lembra o professor Zuffo, que ite ser controversa a sua opinião, na medida em que a mídia, por exemplo, tem divulgado majoritariamente a teoria do agravamento do efeito-estufa por ações antropogênicas. Ele defendeu sua posição em eventos como o Seminário Gerenciamento da Escassez de Água na Indústria, realizado em São Paulo, a 22 de setembro, na FIESP.

Nesta primeira semana, de qualquer modo, os olhos da comunidade internacional estarão voltados para a COP-20, em Lima. A expectativa é a de que sejam tomadas decisões importantes para  justamente frear as emissões de gases-estufa. Um acordo global, para valer a partir de 2016, está previsto para a COP-21, em Paris, no final de 2015. (Por José Pedro Martins)

Sistema Cantareira está com reservatórios no fim: sem chuva haverá colapso em 2015

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Informe do Banco Mundial fala em extinção da Amazônia e em seca extrema em várias regiões brasileiras 714m2h /arquivos/1333 /arquivos/1333#comments Mon, 24 Nov 2014 10:44:36 +0000 <![CDATA[ASN]]> <![CDATA[Ecodesenvolvimento]]> <![CDATA[Aquecimento global]]> <![CDATA[Banco Mundial]]> <![CDATA[COP-20 Lima]]> <![CDATA[Mudanças climáticas]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=1333 <![CDATA[A extinção da Amazônia e a ocorrência de secas cada vez mais extremas no Nordeste e outras regiões do Brasil são duas das consequências da continuidade, no ritmo atual, das emissões de gases que agravam o efeito-estufa e, portanto, o aquecimento global. A previsão está no relatório “Baixemos a temperatura”, que o Banco Mundial lançou neste domingo, ...]]> <![CDATA[

A extinção da Amazônia e a ocorrência de secas cada vez mais extremas no Nordeste e outras regiões do Brasil são duas das consequências da continuidade, no ritmo atual, das emissões de gases que agravam o efeito-estufa e, portanto, o aquecimento global. A previsão está no relatório “Baixemos a temperatura”, que o Banco Mundial lançou neste domingo, 23 de novembro, uma semana antes, portanto, da abertura, em Lima, no Perú, da vigésima Conferência das Partes (COP-20) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O objetivo do Banco Mundial é justamente impressionar os governantes e diplomatas que estarão reunidos em Lima, no sentido da necessidade de ações mais urgentes e eficazes para a redução das emissões de gases-estufa.

O núcleo do informe, segundo o Banco Mundial, é a avaliação do impacto, nas regiões mais pobres do planeta, do crescimento da temperatura média mundial em 2 e 4 graus centígrados nas próximas décadas. Este é o terceiro grande relatório produzido pelo Banco Mundial sobre o aquecimento global e, como nos anteriores, a instituição teve a consultoria científica do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre Impactos do Clima e Análises Climáticas. O documento teve ainda a supervisão de especialistas da Universidade de Michigan e Instituto do Clima, de Washington.

“Não podemos seguir o caminho atual de emissões descontroladas aumentando”, afirmou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, sobre o relatório. “O informe de hoje confirma o que os cientistas vêm dizendo, isto é, que as emissões do ado marcam uma tendência inevitável até o aquecimento global nas próximas décadas, o que afetará principalmente as pessoas mais pobres e vulneráveis do mundo”, completou.

O informe assinala existirem cada vez mais provas “de que o sistema atmosférico da Terra sofrerá um aquecimento próximo de 1.5°C  acima dos níveis pré-industriais devido às emissões adas e previstas de gases de efeito-estufa, e é provável que os impactos das mudanças climáticas, como as ondas de calor, sejam inevitáveis”. Com 2°C de aquecimento, será “muito mais difícil erradicar a pobreza, aumentar a prosperidade mundial e reduzir a desigualdade, metas por si mesmo complicadas”. Com um incremento de 4°C, a possibilidade de serem alcançadas essas metas “é colocada seriamente em dúvida”.

Os impactos no Brasil – Segundo o relatório do Banco Mundial, os efeitos no Brasil serão enormes, mantidas as tendências atuais de emissões de gases-estufa e elevação da temperatura média mundial entre 2 e 4°C. Na Amazônia, o impacto seria devastador. “Os aumentos previstos de calor e secas, junto com o contínuo processo de desmatamento, aumentam consideravelmente o risco de degradação florestal em grande escala (redução da superfície e a biomassa florestal) na selva tropical amazônica”.

Este cenário poderia transformar “esse sumidouro de carbono de importância mundial em uma fonte de carbono”. Esse fenômeno já foi observado, nota o informe, por ocasião das graves secas de 2005 e 2010 na Amazônia, quando os cientistas calcularam que a região perdeu sua capacidade de retenção de carbono “em comparação com os anos em que não houve seca”. Na região amazônica, onde são encontrados 13% das florestas do planeta, adverte o Banco Mundial, ocorre um maior risco “de extinção em grande escala”.

Impactos igualmente sérios na produção agrícola, nota o informe, no Brasil e em todo planeta. Com um aquecimento de 0.8°C, que já está sendo verificado, “já são sentidos impactos consideráveis nos rendimentos das colheitas,  e à medida que as temperaturas aumentem entre 2°C  e 4°C, a mudança climática acrescentará maior pressão aos sistemas agrícolas”. Se essas médias forem observadas, está prevista, por exemplo, “uma redução entre 30% e 70% no rendimento da colheita de soja e até 50% na do trigo no Brasil”.

Outro impacto de consequências imprevisíveis seria no regime hidrológico. “As mudanças no ciclo hidrológico poderiam por em perigo a estabilidade das fontes de água doce e os serviços ecossistêmicos”, alerta o informe. As projeções, segundo o documento, são de que “a maior parte das regiões secas se tornará mais seca e das regiões úmidas, mais úmidas”. Em um mundo 4°C mais quente, a redução de chuvas será elevada no Caribe, América Central, a região central e Nordeste do Brasil e a Patagônia, entre 20 e 40%. No caso de regiões secas como o Nordeste brasileiro, o incremento da estiagem as ondas de calor extremo levariam “à morte do gado, à redução das colheitas e dificuldades para obter água doce”.

Fenômenos extremos de fato são previstos para todo mundo, inclusive o Brasil. O relatório nota que “os grandes deslizamentos de terra ocorridos em 2011 no estado do Rio de Janeiro em seguida a fortes chuvas antecipam a possível gravidade dos impactos previstos para casos de chuvas mais severas”, diz o estudo.

Para o Banco Mundial, existem cinco caminhos onde os governos “podem tomar medidas agora”, para evitar as graves consequências de mudanças climáticas entre 2°C e 4°C até o final do século 20: “1.Fixar um preço sólido do carbono. 2. Eliminar subsídios para combustíveis fósseis. 3. Acelerar a eficiência energética e o uso de energias renováveis. 4.Aplicar agricultura inteligente com respeito ao clima. 5.Construir cidades resilientes e com baixa emissão de carbono”. É esta a mensagem que o Banco Mundial levará para a COP-20 em Lima, no Perú, a partir de Primeiro de Dezembro.

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Região Metropolitana de Campinas terá inventário de emissões de gases de efeito 5x6w3q estufa /arquivos/1128 /arquivos/1128#comments Mon, 10 Nov 2014 15:21:45 +0000 <![CDATA[José Pedro Soares Martins]]> <![CDATA[Ecodesenvolvimento]]> <![CDATA[FL Cultura]]> <![CDATA[Crise hídrica]]> <![CDATA[Gases de Efeito Estufa]]> <![CDATA[Mudanças climáticas]]> <![CDATA[RMC]]> http://agenciasn-br.spinforma.net/?p=1128 <![CDATA[A Região Metropolitana de Campinas (RMC) terá o primeiro inventário de emissão de gases de efeito-estufa com recorte regional, como parte da elaboração de uma política metropolitana de combate às mudanças climáticas e transição para a economia baseada em energia renovável e sustentável. A decisão foi tomada na última reunião da Agência Metropolitana de Campinas (AGEMCAMP) e estará em ...]]> <![CDATA[

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) terá o primeiro inventário de emissão de gases de efeito-estufa com recorte regional, como parte da elaboração de uma política metropolitana de combate às mudanças climáticas e transição para a economia baseada em energia renovável e sustentável. A decisão foi tomada na última reunião da Agência Metropolitana de Campinas (AGEMCAMP) e estará em discussão no workshop “Mudanças climáticas: qual o papel das cidades paulistas” nesta terça-feira, dia 11 de novembro, no auditório da FL Cultura, em Campinas. O evento vai debater ferramentas e instrumentos que as cidades paulistas podem utilizar na prevenção às mudanças climáticas e efeitos associados, como a escassez hídrica e a crise no abastecimento de água em curso no estado.

O polo petroquímico de Paulínia, a frota automotiva de toda a região, o parque industrial regional e as emissões provocadas por mudanças no uso da terra farão parte do inventário regional. Um Primeiro Inventário de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa Diretos e Indiretos do Estado de São Paulo, projeto coordenado e realizado pelo PROCLIMA/CETESB/SMA, com apoio da Embaixada Britânica no Brasil, já foi realizado para o período de 1990 a 2008.

O inventário reuniu estimativas de emissões de Gases de Efeito Estufa-GEE ocorridas no território paulista entre 1990 e 2008, com base na metodologia aprovada pelo IPCC – Intergovernamental de Mudanças Climáticas. As estimativas incluem não apenas os seis gases listados pelo Protocolo de Kyoto (CO2, CH4, N2O, PFCs, HFCs, SF6), mas também os CFCs e HCFCs, gases destruidores da camada de ozônio, regulamentados pelo Protocolo de Montreal e com alto potencial de aquecimento global.

O estudo mostrou que o estado de São Paulo, responsável por cerca de 33% do PIB brasileiro, emitiu no período 6,5% dos gases de efeito estufa (GEE) no Brasil. O estudo mostrou ainda que, entre 1990 e 2008, as emissões totais de dióxido de carbono (CO2) aumentaram 63% em São Paulo.

Workshop em Campinas – O evento desta terça-feira em Campinas é uma realização do Carbon Disclosure Project (CDP) em parceria com a Prefeitura de Campinas, FL e a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma), e reunirá secretários de meio ambiente, acadêmicos e empresas para debater os riscos, as oportunidades e os efeitos das mudanças climáticas no estado de São Paulo.

 Como um dos efeitos dessas mudanças destaca-se a atual crise hídrica, que afeta o abastecimento da população em geral, do comércio e da indústria paulistas. Uma pesquisa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp) aponta, por exemplo, que para 65% das empresas ouvidas, a interrupção no fornecimento de água irá impactar no faturamento (http://az545403.vo.msecnd.net/s/2014/07/rumos-racionamento-de-agua_3016.pdf) e cerca de 3 mil postos de trabalho podem ser fechados.

A expectativa é a melhor possível por Campinas sediar essa importante iniciativa, no momento em que nos preparamos para realizar nosso primeiro inventário de emissões de gases de efeito estufa com recorte regional, para todas as cidades da RMC, conforme a ultima reunião da AGEMCAMP”, afirma Rogério Menezes, secretário do Verde de Campinas e vice-presidente da ANAMMA-SP.

O workshop irá debater este e outros desafios e contará com a participação de representantes de prefeituras paulistas e estudiosos do tema, entre eles, o professor de Ciências Atmosféricas da USP, Tércio Ambrizzi.

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